Vistando empresas do Vale do Silício Califórnia 2018 - [Parte 2]
Chegou um dos momentos da viagem que eu mais aguardei: visitar empresas do Vale do Silício. Como empreendedora e consultora de empresas eu estava curiosa para conhecer o ambiente de trabalho mais cobiçado do mundo atual.
A primeira visita foi à Inscopix, empresa “líder em microscopia em miniatura para circuitos de neurociência”, como eles se denominam. Eles fabricam microscópios em miniatura para análise cerebral. Uma tecnologia impressionante que permite ver o cérebro em tempo real.
Para a visita fomos em um grupo de 15 pessoas entre neurocientistas, jornalistas de revistas científicas, ministros, psicólogos, empreendedores e curiosos sobre o tema. O Fundador e CEO Kunal Ghosh nos recebeu, fez um tour pela empresa e contou a trajetória desde a fundação em 2011. Depois conversamos com o Diretor de Estratégia, Pushkar Joshi e o VP de Operações, Glenn Powell (foto) que explicaram o funcionamento e a estratégia atual da empresa.
Durante toda a visita fiquei com a sensação de estar vivendo no futuro. Um microscópio menor que uma falange do meu dedo capaz de mostrar partes do cérebro nunca captadas antes em vídeo. E tudo em tempo real! Os sinais que o cérebro emite antes de uma convulsão, por exemplo. Ou quando estamos em situação de perigo.
Foi emocionante ver aquele time de cientistas premiados sentados ali produzindo ciência palpável. A ciência que é capaz de melhorar nossas vidas. Tudo acontecendo embaixo dos meus olhos.
O escritório é pequeno e modesto mas com aquele clima de Vale do Silício. Copa compartilhada, chocolates e doces à vontade, máquinas de café em vários ambientes, salas grandes e sem divisórias. Tudo isso enfeitado com abóboras, bruxas e aranhas anunciando a proximidade do Halloween.
A segunda visita foi na sede do Kiva. Que alegria poder conhecer por dentro um negócio que eu tanto admiro! O Kiva é uma organização sem fins lucrativos de microcrédito. Sua missão é conectar pessoas através de empréstimos para aliviar a pobreza no mundo.
Ao emprestar dinheiro no Kiva, você pode ajudar um mutuário a iniciar ou fazer crescer um negócio, entrar na faculdade, ter acesso a energia limpa ou realizar seu potencial de alguma outra forma. Depois do objetivo alcançado esse valor volta para sua conta e você pode re-emprestar a outras causas. O propósito deles é criar um futuro melhor para as pessoas pobres, suas famílias e suas comunidades. Simplesmente incrível!
A visita foi feita em um grupo maior. Algo em torno de 30 pessoas. Muita gente já conhecia e admirava a empresa, assim como eu. Fomos recebidos pelo fundador e Presidente da empresa, Premal Shah (foto), que também foi um dos fundadores do PayPal. Ele nos contou sua trajetória pessoal até a inspiração que teve para iniciar o Kiva. Nos reunimos em uma sala por mais de duas horas onde ele explicou como funciona o sistema de empréstimos e o impacto positivo que estão gerando no mundo.
Atualmente o Kiva está presente em 82 países, incluindo o Brasil; 2 milhões de pessoas/causas cadastradas para empréstimo; 1.6 milhão de credores; mais de um US$1 bilhão já emprestado e uma taxa de reembolso de 96,8%. Você não doa dinheiro, você empresta a quem precisa daquele valor para fazer algum negócio prosperar. Não é caridade, é uma nova forma de pensar em como melhorar o mundo! Uma ideia absolutamente sensacional!
Ah, e tudo isso acontecendo em um espaço físico alegre e inspirador. Copa com mesas grandes e freezer de bebidas à vontade; sala ampla, sem divisões e com estações de trabalho compartilhadas; espaço tipo lounge; mesa de jogos; doces, lanches e café à vontade; sala de meditação; biblioteca e até um mascote de quatro patas. Um ambiente desenhando para tornar o trabalho mais leve e produtivo.
Essas foram as duas empresas que eu visitei. Havia muitas outras opções incluindo gigantes como o Facebook. Escolhi deliberadamente empresas menores para ter oportunidade de conhecê-las mais a fundo, poder conversar diretamente com o CEO, fazer perguntas, tirar minhas dúvidas; poder circular livremente pelo espaço, conversar com os colaboradores e tentar captar um pouco da cultura. Foi uma escolha muito feliz! Foram duas organizações muito diferentes em tamanho, tipo de negócio e estrutura organizacional mas em ambas eu pude perceber pontos em comum:
- Espaço de trabalho informal e flexível. Colaboradores têm diversas opções de onde podem sentar para cumprir seu dia de trabalho. Isso desperta a criatividade e reduz o estresse. Igual aqui no Impact Hub Manaus 😉
- Negócios com propósitos muito bem definidos e que vão muito além de apenas ganhar dinheiro! Em ambos os casos os fundadores têm foco em melhorar o mundo, cada um de uma maneira diferente.
- Flexibilidade de trabalho e a busca por profissionais de altíssima produtividade e maturidade que se encaixem bem nesse modelo. Não existe controle rígido de horário nem chefe cobrando entrega de tarefas. Cada profissional é responsável por gerir seu próprio trabalho.
- Fundadores e CEOs jovens que escolhem diretores-chave mais maduros e experientes para enriquecerem seus times. A combinação de energia e novas ideias com experiência de mercado torna as empresas muito mais competitivas.
- Hierarquia quase plana. Poucos níveis hierárquicos e relação de respeito e proximidade em todos níveis.
Agora que vocês já sabem como é o ambiente de trabalho no Vale do Silício, eu pergunto: quão distante a sua empresa está desta realidade? .